RITMO DA FOLIA - POVO DO RIO NO CARNAVAL

Aqui, publicaremos a coluna do Jornal Povo do Rio, com informações sobre o mundo do samba. Afinal, o Carnaval é ou não é o maior espetáculo do planeta? GISELLE SANT´ANNA E RENATA ONAINDIA. As fotos são de Fellippo de Freitas

segunda-feira, março 26, 2007

Adeus, Xangô!

A nação salgueirense está de luto. Um dos destaques mais fiéis da escola, Júlio Expedito Machado Coelho, o Xangô do Salgueiro, morreu no domingo, após ter sofrido um infarto logo depois do Carnaval. Ontem, a Vermelho-e-Branco fez uma homenagem ao seu ícone em sua página da internet. Leia na íntegra.
"Júlio Expedito Machado Coelho nasceu no dia 18 de abril de 1939 e desde muito cedo despertou para algumas das paixões que o acompanhariam durante toda sua vida: o magistério, a cultura afro-brasileira e o carnaval.
Formado em Direito pela Faculdade Nacional de Direito, em Sociologia pela PUC-Rio e História, pela Universidade Gama Filho, Júlio iniciou sua carreira acadêmica aos 17 anos, lecionando História no Colégio Delta. Durante sua vida no magistério, deu aulas também no colégio Veiga de Almeida e Faculdade Hélio Alonso e integrou o Conselho Consultivo do Instituto do Carnaval, da Universidade Estácio de Sá.
Suas ligações com a cultura afro-brasileira aproximaram-no ainda mais do carnaval e do Salgueiro, sua escola de coração. O ano de 1962 foi um divisor de águas na vida do Professor Júlio Machado. A convite de um de seus alunos, Neném, filho de Osmar e Isabel Valença, desfilou pela primeira vez nos Acadêmicos do Salgueiro e não parou mais. Em 1969, foi destaque, ainda no chão, no enredo Bahia de Todos os Deuses, de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. No memorável desfile que deu o título à vermelho e branco, Júlio usou a fantasia de Xangô, o orixá da Justiça.
A partir desse desfile, o mundo do carnaval ganhou um novo personagem: o professor Júlio Machado saía de cena para dar lugar a Xangô do Salgueiro. A fidelidade ao orixá tornou-se tão forte que a identidade do professor de História passou para o segundo plano.
Durante sua trajetória de 37 anos no carnaval, Xangô recebeu diversas homenagens, como o Estandarte de Ouro de 1994, do jornal O Globo, como Personalidade, o título de Hors-concours do concurso oficial de fantasias do Rio de Janeiro em 2000, 2001 e 2002; o título de homenageado, em 2003, pelo Hotel Le Meridien com o título "Xangô no Jubileu de Ouro do Salgueiro", e em 1992, quando foi tema do enredo "Xangô, um rei Nagô", da escola de Samba Boi da Ilha do Governador. Em 2006, Xangô recebeu ainda a Medalha Tiradentes, maior honraria do Poder Legislativo do Estado do Rio de Janeiro.

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